terça-feira, agosto 30, 2005

(Escrito nestes dias)

Nestes dias têm morrido partes de mim…É impossível que não aconteça! A luta tem sido inglória!

Regressei de Paredes de Coura, exactamente de Lanhelas, depois de uns dias de descanso e diversão, quando as noticias sobre os desenvolvimentos do monstro vermelho/laranja não eram as melhores, tinha-se reacendido, e desta vez com mais força, ameaçando mais habitações.

Chegar a casa… mas esta não era a minha casa, mas, sim um cemitério de almas, qualquer cenário de guerra, que, por instantes, pensei que tinha entrado como figurante num qualquer filme apocalíptico, mas não, estava mesmo em casa, com sirenes a gritarem a cada segundo, com helicópteros, “canadairs”, e outros, a romper os céus, pessoas descontroladas, umas a gritar, outras simplesmente a chorar de raiva e resignação.

Tudo a correr sem destino aparente, como se para o tudo que ainda restava ainda havia salvação, mas nada se podia fazer em relação à imensidão do negro, apenas negro, esse negro deixado em todo o lado, sem ter sido convidado… e pensar que, o que ainda resta, aliás o pouco que ainda resta, pode tornar-se, também, ele, numa fumegante fogueira!

Estou na Pampilhosa da Serra, para os amigos a Pamp City…, para os outros esse concelho que tem tido honras de abertura em todos os jornais da noite, esse local que muitas vezes, nos acolhe, nos dá guarida, para as mais doces loucuras! E, espero que continue…Hoje não é mais do que uma imensidão de negro… Passei uma noite inteira a olhar um incêndio que lavrava em direcção às traseiras da minha casa, ficou a cerca de 200 metros…

Quando regressei a casa os estragos eram mais na alma, que ficou seca… que importavam os pés, os lábios ressequidos e nariz rebentado, uma otite a começar a dar sinais de si, a dor que ficou na alma é ínfima, jamais poderei lutar contra o sentimento de vazio e impotência… e por muito que se pudesse fazer, ajudar significava apenas dar uma cervejola, ou indicar um ou outro trilho, um ou outro caminho, para essa luta inglória, e contra quem? O fogo?

Parece-me que não, esse é, também ele, um instrumento de algumas pessoas que perderam a moral, se é que alguma vez a tiveram, ou quem vê no fogo uma grande possibilidade de negócio… Entristece-me! Mas, as causas jamais podem ser naturais, mesmo que seja um cigarro mal apagado… Não… não são essas as causas… são talvez as bombas que rebentam, e que até eu ouvi quando me aproximei das chamas, são aqueles que os populares encontram aqui e ali, suspeitos, como o individuo de calções amarelos e t-shirt verde… sim, porque foram encontrados!

Entristece-me, ainda, que o combate que hoje se faça a um incêndio florestal não possa ser como outrora, ou seja, com contra fogo. Hoje apelidado de fogo controlado…Imagine-se o seguinte, que um bombeiro, ou uma cooperação de bombeiros que anda numa frente de fogo, desesperados, em que a única solução para o controlo passa pelo contra fogo, necessita de comunicar esse facto ao comandante que com eles anda no terreno, que, por sua vez, comunica ao coordenador que comanda as operações, e este, por sua vez, tem que pedir autorização ao Governador Civil do distrito em causa… E, só com a autorização do gabinete com ar condicionado e nas horas de expediente, é que pode existir o contra fogo… lembram-se do bombeiro, por esta altura, o fogo já se tornou para ele incontrolável, indomável, sufocante, já teve, ele, e os que com ele estavam, de recuar, de fugir...difícil este combate, não acham?

Todos pensamos que os bombeiros tudo podem… e sem duvida, muito fazem… mas temos ainda que pensar que são comandados apenas por uma cabeça, que pode não ser boa sentença, que pode ser mais um daqueles que foi colocado no sitio onde está, por qualquer factor C, aquele que todos sabemos que existe… Mas desde o inicio que pensei que as dimensões que estas coisas tomam deve-se sobretudo à má coordenação de meios e de pessoas. Chegaram a estar por cá cerca de 400 bombeiros e 12 helis a combater em simultâneo…

Por cá, as gentes da serra, chamavam-no de“ O Senhor das Farturas”! Este belo senhor de aparência à Quim Barreiros, e cujo o único apelo era entrar em directo para os canais de televisão, deixou as “tropas” que comandava um tanto ao quanto irritadas com as suas mui nobres decisões. Parece-me a mim, uma leiga, que a única politica de combate que existe hoje em dia é o “deixar arder”, pelo menos até umas casas, para se ter uns bons planos, umas boas imagens, para abrir os noticiários das oito, com pessoas aos berros, a chorar, completamente descontroladas e desesperadas…

Hilariante é pensar que, por volta das quatro e tal da manha, encontrei o “Senhor Farturas” pelo caminho, ao volante de um jipe de Comando, e mandou parar o meu Paz, e perguntou-me “Onde é o fogo”… Estranho, não acham?

Esta noite vi Coimbra a arder… as chamas a chegarem onde nunca poderiam ter chegado… ao Pólo Dois da Universidade, ao pulmão da cidade, a Mata Vale de Canas, às traseiras do quartel dos Bombeiros, à circular externa, e ainda à Elísio de Moura!

Onde vamos parar? Onde vão parar?

E, hoje ainda continuo de prevenção, embora admita que se adormecer dificilmente algo me acorda, de prevenção na Pamp, sempre à espreita que algo possa acontecer à ala direita da minha casa, que ainda continua verdinha… e, isso, preocupa-me! Há por ai tantas pessoas e tantos interesses que justificam a minha desconfiança, que como disse vale o que vale, é hilariante para quem tenha humor suficiente, ver a entrada da casa cheia de baldes, cantarias, e outros, cheios de água, ramos cortados, tudo a postos para alguma eventualidade, e esta é a minha prevenção, ou se preferirem o meu desespero, porque acredito que também eu dava umas boas imagens e uns bons planos para o jornal das oito!

By Primeiro Zum

P.S. Finalmente, queria agradecer ao Comando de Cascais e ainda aos destemidos Bombeiros de Paços de Arcos, bem como, aos da Santa Terrinha, que há mais de três semanas desconhecem um lençol. E, aos demais, que são muitos, e de várias proveniências, que de uma forma ou de outra lutaram contra este monstro que de uma vez por todas tem que ter rosto…
Um sorriso carinhoso para todos.

terça-feira, agosto 16, 2005



Venho por este meio comunicar que a Triologia está de férias e por alguns dias vai estar ainda mais ausente do que tem sido habitual. Peço as mais sinceras desculpas, mas o descanço é SAGRADO.

Muitos beijinhos

TRIOLOGIA

sexta-feira, agosto 05, 2005

E a Boina, onde está?



A Revolta está na Rua... e a Triologia também!

Até logo!

By Primeiro Zum

terça-feira, agosto 02, 2005




Porque não começar a semana com mais uma quebra de um mito.

Beijos

Segundo zUm