quinta-feira, outubro 19, 2006

És a minha Rosa...

Só tu, sim TU!!!

Na palma da minha mão cabem todos... mas tu és aquele que agora me faz cocegas na alma... e por isso, há que descer à inocência, colher o âmago da vontade e repartir o sorriso do sentir!

Até breve...

Queria deixar-te um pouco do tempo que ainda falta para os olhar encontrar novamente o repouso...


"- Quem és tu? – perguntou o principezinho – És bem bonita.
- Sou uma raposa – disse a raposa.
- Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho. – Estou tão triste…
- Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Ainda ninguém me cativou…

(…)

- «Cativar» quer dizer o quê?

(…)

- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer «criar laços» …
- Criar laços?
- Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto tu não és nada para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…
- Parece-me que estou a perceber – disse o principezinho. – Sabes, há uma certa flor…tenho a impressão que ela me cativou…

(…)

- Se faz favor…Cativa-me! – Acabou por pedir.
- Eu bem gostava – respondeu o principezinho, – mas não tenho tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer…
- Só conhecemos o que cativamos – disse a raposa. – Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas com não há vendedores de amigos, os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
- E tenho de fazer o quê? – Disse o principezinho.
- Tens de ter muita paciência. Primeiro, sentas-te longe de mim, assim na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas podes-te sentar cada dia um bocadinho mais perto…

O principezinho voltou no dia seguinte.

- Era melhor teres vindo à mesma hora – disse a raposa. – Por exemplo, se vieres às quatro horas, às três, já eu começo a estar feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sinto. Às quatro em ponto hei-de estar toda agitada e toda inquieta: fico a conhecer o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca vou saber a que horas hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito… Precisamos de rituais.

E o principezinho cativou a raposa.

(…)

- Anda, vai ver as rosas outra vez. Vais ver que a tua é a única do mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo.

O principezinho foi ver as rosas outra vez.
- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada – disse ele. – Ninguém vos cativou e vocês não cativaram ninguém. São como a minha raposa era, uma raposa perfeitamente igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e ela passou a ser única no mundo.
(…)
- Vocês são bonitas, mas vazias – insistiu o principezinho. – Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é igual a vocês. Mas, sozinha, é muito mais importante do que vocês todas juntas, porque foi ele que eu reguei. Porque foi ela que eu pus debaixo de um redoma. Porque foi ela que eu abriguei com o biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e ate, às vezes, calar-se. Porque ela é a minha rosa.

Depois voltou para o pé da raposa e despediu-se:
- Adeus…
- Adeus – despediu-se a raposa. – Agora vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos… (…) Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que a tornou a tua rosa tão importante."

In O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry

Ou então a minha raposa...

By Primeiro Zum



1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Se me queres cativar, então serei a tua raposa.

E tu, como já me cativaste, és a minha rosa.

Saudades

sexta-feira, 20 outubro, 2006  

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